sexta-feira, 1 de abril de 2011

Coluna Cult Trash, #2: Estrangeirismo


Eu te amo, meu Brasil, eu te amo... meu coração é verde-amarelo-branco-azul-anil!”, diria os patriotas da “briosa” ditadura militar. Hoje, só vemos isso em sémi-final de copa. Sim, é essa a realidade que denota o tema que dissecaremos hoje.

Para quem a essa altura do campeonato, em pleno ensino médio, e até um ensino fundamental menor, conhece nosso país mesmo que superficialmente, sabe que deste chão se tira muitos valores. Fomos explorados, enriquecemos Portugal, exportamos até a alma de nossas virgens, e promovemos a alegria de muitos gringos solitários.

Porém, em contrapartida ao furto generalizado que sofremos, ganhamos um presentinho bem genial: A Língua Portuguesa! *-*. É, eu fujo até da normalidade gramatical para demonstrar o orgulho que sinto desse nosso idioma, que de tão complexo, se mostra tão rico em expressões, fonéticas prazerosas de se pronunciar, e além de tudo, que se adaptam ao contexto brasileiro, que a modificou de maneira interessante.

Mas como sempre a minha geração precisa acabar com algo que estava tão bem na maneira tradicional, a realidade se converte para algo vergonhoso, no que tange o maldito estrangeirismo. Se trata da invasão de termos de outros idiomas que são utilizados na nossa língua coloquial, e recentemente, infelizmente e encabulosamente, é usada até na formal. 

Estava eu, no auditório da Fiema, recebendo um caneco de uma bandalheira, quando o engomado mestre de cerimônia emposta a voz e anuncia: “Vamos agora para uma pausa, em que acontecerá no salão, um coffe break”. Enquanto a alegria de matar a broca tomava conta do meu coração, me questionei, se ele falar que estava simplesmente nos convidando para um lanche seria difícil. 

Com isso, cito o genial mestre da música nordestina, Genival Lacerda, para iluminar nossa percepção sobre a invasão devastadora que sofremos:


Aqui tudo pirou, tudo tá mudado
Aqui tudo pirou, tudo mudou, tá tudo americanizado
Até logo é tchau, e rapaz é boy
Eu não entendo o que se fala por aqui
Na lanchonete só se serve sandwich
Só se veste Tommy Watches, jeans e calças Lee
Até no rádio, o locutor só fala em inglês
Só se ouve som pauleira e rock in roll
Um tal de love, mãe, quer dizer amor
Até Paulo de Quitéria mudou o nome pra Paul
Aqui tudo pirou, tudo tá mudado
Tudo mudou, tá tudo americanizado […]
Um cachorro de pano, se chama Snoopy
Um okay, quer dizer tudo acertado
Uma loja variada é shopping center
O motel é pro casal sem tar casado
Mamãe, aqui tá tão americano
Que as crianças só brincam com odyssey
Meu gravador, só toca apertando play
Mãe, aquele povo macho e fêmea, agora é gay



Genival tem razão. E a citação dele me lembra mais um fator, do qual não se presta atenção. Não damos o valor devido a nossa cultura nordestina, tão fabulosa essa, que é rica no contexto musical, poético, humorístico e uma panada de áreas da qual perfeitamente se encaixa.

Valorize o país que embora seja uma esculhambação, não é que nem nossos irmãos americanos que financiam bomba atômica ao invés de ajudar haitianos ou qualquer um flagelado da América desfasada central.

Cuba, criticada por todos, tem as melhores formações pra medicina. Venezuela, do maconhado Hugo Chávez, tem mais vagas pra faculdades do que os próprios States, proporcionalmente. Chile, tem um turismo tão rentável quanto dos países mais requintados.

Ou seja, observe ao seu redor, e veja que embora ouça-se sons de balas, assaltos constantes e pensemos que moramos no inferno, não estamos na parte pior, ideologicamente. Temos nosso valor. Não podemos é continuar reprovando advogados nos cursos de direito, porque existem mais termos em latim do que algo que realmente se entenda.

E , como diria Falcão: “Coitada da Alanis Morissette. Se morre sete, morre oito, morre nove...”

Danilo Quixaba

3 comentários:

  1. Ficou muito bom!
    Eu gosto e não gosto do estrangeirismo...Sou bipolar neste ponto.
    Ao mesmo tempo,em que convivo com a língua inglesa,por exemplo,em qualquer estabelecimento, ou por expressões que saiem da minha língua,acho que é um mal pra cultura brasuca,pois nos vemos "encharcados" de dialetos que consomem nossa língua mãe,deixando pequeno espaço pra essência do verdadeiro português.

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  3. mtu boom, realmente nós, brasileiros, estamos cada vez mais valorizando a cultura dos outros em vez da nossa, que é tão rica e diversificada.
    o Brasil é um país tão lindo e diferente, e os próprios moradores o desprezam, qdo super valorizam a cultura de fora, e nem ao menos sabem da cultura do seu país!!!
    mtu bein colocado. Eu amo meu país e isso não é uma hipérbole, eu realmente admiro mtu os brasileiros, inclusive esse que acabou de escrever um texto mtu boom e crítico a respeito de nossa atualidade! parabéns!

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